sexta-feira, 24 de julho de 2009

Memórias de um fumante invertebrado (o diário de bordo de Aristides)

Estava cantando no chuveiro, me empolguei e bati a testa na saboneteira. Fui ao médico porque não aguentava de dor.
“Qual é seu problema, Aristides?”
“Doutor, minha cabeça dói, não para de lampejar”- e apontei com a mão direita pro lugar da batida.
Daí, o médico disse que o que eu tive foi apenas uma conclusão; nada demais. Mas reparou que eu tinha um cisco no pulso. E que ele podia tirar, se aquilo me incomodasse.
Lembrei do quanto era chato ter um cisco dentro do olho e então resolvi operar. Depois da recauchutagem, quis curtir a vida.
Mexi na minha poupança e viajei pra Itália.
Ao desbancar no aeroporto, chamei um táxi e pedi pro motorista me levar pra passear. Queria conhecer o Edna! No entanto, dei um azar danado porque justo naquele dia o vulcão entrou em eructação.
O taxista vendo aquelas chamas indecentes fazendo plop-plop-plop, deu no pé. Fiquei com medo de ser pego pelas larvas e corri o quanto pude! Meu santo é forte e eu consegui escapar.
Estava cansado de correr, quase colocando os bodes pra fora, quando passei em frente a um restaurante. Percebi que estava morrendo de fome. Entrei.
Antes de conseguir uma mesa, enfrentei uma fila enorme: tinha gente aos borboletões!
Finalmente sentei e falei comigo mesmo: “Depois de tudo o que passei, tenho direito ao prato mais caro. Hum, quero filhote de perdiz!” – e me esforcei pra fazer bonito, não errando no pedido.
“Amigo, por favor, um perdigoto!” – sorte que o garçom falava português.
“É pra já!”
Flupt! Voou direto no meu olho.
Peguei o guardanapo de pano, enxuguei o rosto, acendi um cigarro e pensei: “se eu quiser viver como um rei, terei que esperar a próxima encadernação!”

4 comentários:

disse...

sou sua fã... adoro tudo o que vc escreve! :)

La Maison d'Ávila disse...

kkkkk..Adorei..como sempre..
Espero que tenha sido um LAUDO almoço..kkkk
Bjsssssssssss
Rê.

Maria Amália Camargo disse...

Um LAUDO almoço? Ai, aí já foge da CALÇADA de Aristides (hehehe).
Ai, que chique, Denise, você é minha fã? Obrigada!
Beijocas, meninas!

Rosaly Senra disse...

adorei esse seu texto com as palavras meio saídas de um chapéu de mágico maluco! será coisa de quem nasceu em Santos? Será a água dessa terra?