segunda-feira, 27 de julho de 2009

Crônica de uma morte anunciada - episódio 1: o guarda-chuva



Dia desses, saquei meu guarda-chuva da bolsa e dei com os burros n’água: ele havia empacado. O cabo de baixo estava preso ao de cima e o troço não abria nem com a ajuda de São Pedro.
Chuá, chuá, chuá – chovia sem parar. E então, num ou-tudo-ou-nada - iaaaá! – desemperrei o bendito guarda-chuva. Que abriu na mão direita, cujo cabo se soltou da esquerda, voando e rolando pela sarjeta. Pronto: eu tinha um guarda-chuva armado, mas me faltava o cabo. E além de tudo agora já era tarde: o cabo caiu num bueiro e havia parado de chover.
Cheguei em casa e percebi que as varetas do guarda-chuva estavam intactas e que o tecido sobre a armação era discreto; enfim, valia a pena conservá-lo.
Então, convoquei o Dr. Frankenstein Brioche para me auxiliar na reconstrução do objeto. Ele prontamente pegou a caixa de ferramentas, outras tantas caixas com pedaços de coisas que um dia foram coisas e zás-trás resolveu o problema: acoplou um cano de chuveiro no toco do cabo que segurava a cobertura de pano. Daí, pegou um resto de cola dos tempos de escola e grudou uma rodinha-emperrada-de-cadeira-de-escritório na base. Agora sim, não havia mais perigo de escorregar da minha mão nem se eu comece sete pastéis.

No dia seguinte, voltou a chover. Dessa vez, chovia e fazia vento. Saquei meu guarda-chuva da bolsa e ele abriu num instante, sem cabo rolando sarjeta abaixo.
Chuá, chuá, chuá - chovia e dessa vez ventava sem parar. Eu mal conseguia andar. Na minha frente, duas amigas magricelas se seguravam num tronco de árvore lutando pra não serem levadas pela ventania.
Eu resisti o quanto pude. O céu foi testemunha que segurei o guarda-chuva com todas as minhas forças.
Mas um tremendo pé-de-vento bateu em minha direção fazendo a sombrinha voar rumo ao horizonte. Eu tentei correr para resgatá-la, mas o vento atrapalhava. Lembrei de quando eu era pequena e meus dedos engordurados de churros me impediam de segurar com firmeza os balões de hélio que desapareciam entre as nuvens.
Sorte que um pouco de cola usada para grudar a tal rodinha no cano, escorreu pra palma da minha mão e acabou fixando o cabo do guarda-chuva nela.
Bom, agora só preciso de umas varetas, de um mecanismo abre-e-fecha e de um tecido pra cobertura. O cabo do guarda-chuva eu já tenho...

4 comentários:

Silvia disse...

hahahahahaha
que viajem! meu pensamento foi pro céu com a parte voadora do guarda-chuva! :D
bjocas!!!

Maria Amália Camargo disse...

Taí: "a parte voadora do guarda-chuva" é um bom título. Hahahaha...
Beijocas, querida Silvia!

Krishna disse...

Aiiii o meu novinho quebrou no aviao!!! tem como você colocar fotos do seu consertado, ia agradecer!!!

Krishna disse...

Aiiii o meu novinho quebrou no avião! Tem como vocˆ´postar ou me mandar fotos do seu consertado? Ia ser otimo!
Beijos